quarta-feira, 28 de agosto de 2013





Temperamento impulsivo 
 
       “Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
       Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

CLARICE LISPETOR

Perfeição na descrição como Clarice não existirá jamais.
E através dela somos perdoados pela explicação do que não se explica.
Ela esclarece.

Pra bom entendedor,,, (V.R)



E nesta ausência de tudo

inclusive de poesia

palavras

coloco-te em vão

Em vão das linhas inexistentes

do vazio

e da inércia

É um tal de não sentir

que inexplicavelmente me toma

V.R