quarta-feira, 6 de junho de 2007


CLODOVIL NÃO ENTENDEU A PIADA * Paulo França


Não é de hoje que Clodovil Hernandes ofende abertamente as pessoas. Há alguns anos o vi recebendo o príncipe herdeiro do trono brasileiro, dom Joãosinho, para um a entrevista na TV.

O descendente da Casa de Bragança era então um fotógrafo e sujeito bastante simpático. Clodovil perguntou se podia chamá-lo de você. Gentilmente, dom Joãosinho disse que não, pois havia protocolos aos quais ele estava preso. De nada serviu. Clodovil, inclusive, adiantou-se para sentar-se antes do convidado. O que já é uma enorme falta de educação.

Mas o ego do costureiro é bem maior do que sua "cesta" de educação. No final do primeiro bloco oentrevistado foi embora. Decidiu não continuar a receber grosserias.

O sujeito das agulhas demonstra prazer em ofender os outros. Já o vi propalando que dava carne de primeira para meninas de um orfanato. Realmente este cidadão tem sérios problemas de relacionamento. A moça que o auxiliava na Rede TV abandonou-o após seguidas humilhações. A própria emissora não quer vê-lo nem coberto de ouro.

Para quem declarou que descobriu, ainda menino, que o pai era gay e, ao ser enviado a um internato, lá foi sodomizado por um padre, deve ser mesmo difícil conviver sem humilhar. Ele cresceu nessa batida.

O episódio com a deputada federal foi apenas mais um exemplo de como esta abominável criatura trata as demais. Na semana anterior ele já havia destratado o ministro Mares Guias, que interrompeu uma entrevista no Congresso para cumprimentar Clodovil, que passava. O ministro se enganou redondamente. Não era a garota de Ipanema. Era um código flutuante da sexualidade humana.

Caminha ondulante, mas não tem a leveza natural do rebolado, o dom divino para as mulheres e presente para os homens. Vira a mãozinha, mas não tem agraça de uma moça. Cerca-se de luxo caro, porém, inútil, pois jamais alcançou, nem de longe, o esplendor de uma bela mulher em sua simplicidade. Além de grosseiro, não tem caráter. Ao ser questionado pelos jornalistas, ele, primeiro, negou as ofensas à deputada. Só quando viu-se sem saída é que admitiu. Assim mesmo, usando de cinismo e eufemismos. Idiota arrogante.

Não sabe a magia que tem a mulher em transformar-se, de feia em linda, e fazeros marmanjos suspirar por ela. Este sonho Clodovil Hernandes jamais realizou. Menos ainda agora, velho, caquético e cada vez mais desprezado, de tanto agredir os demais.

O costureiro sempre se valeu de sua fama de não ter papas na língua, deatacar quem quer que seja. Até que deu de cara com uma dupla que esculachatudo e todos que se acham melhores, mais lindos e mais charmosos do pedaço. Sílvio e Vesgo atazanaram tanto a vida da criatura das agulhas, que esta teve um câncer. Foi de ódio, por não conseguir se bater no mesmo campo que os gaiatos do Pânico. Derrotado por dois sujeitos que vivem rindo, ao contrário dele.

Clodovil levou a sério os cerca de 500 mil votos que recebeu.

Ele não se deu conta de que estava no mesmo pacote contendo Collor, Maluf, Jader e outros, que a população mandou para o Congresso. Foi um recado claro, algo do tipo: "Vocês gostam de bagunçar com o povo, né? Então, engole esses sapos que a gente vai te mandar". Como o Congresso não leva o Brasil a sério, então o Brasil também não leva o Congresso a sério. Clodovil não entendeu a piada.

Ele é a piada. De mau gosto, mas é.


*Paulo França é jornalista e tem pós-graduação em História Contemporânea.Seu email é jornalocorreio@ terra.com.br
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Eu até gostava dele. Ainda bem que existe passado para os verbos. Ele é o retrato da inveja.
(V. Ribeiro)