quarta-feira, 28 de março de 2007


E eu queria que você me apertasse assim
Tão por fora e tão por dentro como se fosse mesmo é me matar
E eu não gosto de nada em linha reta não e ai de mim se gostasse
E fale assim, gritando no sussurrar do desespero por entre meus cabelos que me quer e que tem que ser agora

Calma como Adélia Prado e inflamada como Florbela Espanca
Eu sei me ver
Verena Ribeiro

quarta-feira, 21 de março de 2007

O quadro


Os dois sentados, sofás de dois lugares, dois sofás de dois lugares
O futuro já tão rápido virando passado
Ela fala baixo, mas que sai do fundo
Que já não SE agüenta mais do lado dele e que a dor virou parada constante
Ele não entende, não quer e sem saber dizer nada fala do aluguel do apartamento lembrando assim compromissos assumidos mutuamente
...
Ela levanta espreme as mãos na calça jeans surrada
A falta das unhas sinalizou algo estranho
Ele diz querer levá-la de carro
Ela só queria uma súplica para sua desistência
“Você vai me deixar sair assim da sua vida?”
Ele deixou
...
E assim ela volta
Não conseguiu o pedido
Não conseguiu a súplica
Não conseguiu “aquelas” palavras pintadas tão lindamente no seu quadro
Não conseguiu manter a fera insana
Não conseguiu ter unhas e/ou garras
Não conseguiu
Ir
Embora

...

Verena Ribeiro

terça-feira, 13 de março de 2007


E se você quiser eu sou assim
Com a cara meio louca
A boca de desespero
E o peito só de paixões

E se você quiser eu sou assim
Inconseqüente
Pois não sou de normalidades

E se você quiser eu sou assim
A mente lá nas nuvens
O coração nem sempre bonzinho

E me queira
Pois amando eu sou inteira

E ate paro de falar asneiras
Mas se você não quiser
Tem quem queira

Verena Ribeiro

terça-feira, 6 de março de 2007


PARA MEUS SINCEROS AMIGOS


AFINIDADE

Afinidade não é o mais brilhante,
mas é o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.

Não importa o tempo, a ausência, os adiantamentos,
a distância, as impossibilidades.

Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto
de onde foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real,
do subjetivo sobre o objetivo,
do permanente sobre o passageiro,
do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro, mas quando ela existe,
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,
erradia durante e permanece depois que as
pessoas deixam de estar juntas.

Afinidade é ficar longe,
pensando parecido a respeito dos mesmos fatos
que impressionam, comovem, sensibilizam.

Afinidade é receber o que vem de dentro
com uma aceitação
anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com...
Nem sentir contra, sem sentir para.
Sentir com e não ter necessidade de
explicação do que está sentindo.
É olhar e perceber.

Afinidade é um sentimento singular,
discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância,
mas é adivinhado na maneira de falar,
de escrever,
de andar,
de respirar.....

Afinidade é retomar a relação no tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e ela (separação) nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada) pelo tempo
para que a maturação pudesse ocorrer
e que cada pessoa...
pudesse ser cada vez mais.

Artur da Távola